sábado, 14 de outubro de 2017

O título pode valorizar a redação

          “Da Rede à rua.” Esse foi o título que um aluno deu a sua redação sobre novas formas de participação popular. Um título coerente, pois a tese era a de que o chamado ativismo virtual fica mesmo nesse plano e não evolui para manifestações reais. Mas sobretudo um título criativo, literário, pois associa a metonímia “rua” (lugar pela ação) à aliteração da vibrante múltipla (/rr/).
         Infelizmente o Enem não exige que o candidato dê título à redação. Nem ao menos concede uma pontuação maior a quem faz isso (embora os corretores, que são sobretudo leitores, valorizem um texto que os orienta quanto ao que vão ler). O resultado é que os alunos não se sentem motivados a fazer esse excelente exercício de síntese, que é intitular.
         E não é apenas no Enem que a omissão ocorre. De modo geral os professores, por simplificação e generosidade, também não solicitam essa tarefa – o que em nada beneficia a inteligência dos seus alunos.
         Eu penso e faço diferente. No início a turma protesta, diz que não está habituada, mas com o tempo se acostuma. E percebe que, dando um título, tem uma visão melhor do texto e orienta a atividade de leitura. O leitor agradece quando recebe essa primeira sinalização. E mais ainda quando ela vem de forma criativa, como ocorreu no exemplo acima.