- Nota sobre “Guia de escrita”, de Steven Pinker (Ed. Contexto) -
Esse livro é das melhores coisas que li sobre a arte de
redigir. Com base em postulados da neurolinguística, o autor nos apresenta os
princípios do chamado “estilo clássico”.
Entre as diretrizes desse estilo está o emprego da
ordem direta, a fuga às abstrações (“O estilo clássico minimiza as abstrações,
que não podem ser vistas a olho nu”), a preferência por verbos, a recusa ao
emprego dos chamados “substantivos zumbis”, que tendem a “esconder” os
responsáveis pelas ações (corrijo muito essa prática nas redações dos vestibulandos,
que escrevam frases do tipo: “É preciso mudança e renovação no nosso sistema de
ensino”, sem informar quem deve fazer tais mudanças e, sobretudo, em que elas consistem).
Há também no livro ótimas observações sobre o uso da
voz passiva (às vezes injustamente estigmatizada) e sobre os perigos da
“maldição do conhecimento”, que consiste em achar que o leitor é capaz de entender
conceitos ou nomenclaturas de determinadas áreas. Esse mal acomete muito os intelectuais e não
raro os leva à obscuridade, que no fundo disfarça um falso saber.
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